domingo, 3 de outubro de 2010

Museu Aberto: A Cidade como Museu

Concebido pela artista visual e pesquisadora Lilian Amaral, especialista em arte pública, o projeto Museu Aberto tem origem na experiência desenvolvida na inter-relação entre acervos culturais e o público, na condição de agente formador da cultura urbana tendo a cidade de São Paulo como lugar, território e matriz de estudo-intervenção privilegiado.
Entende a cidade como campo da experiência estética e ateliê extrapolado para a práxis artística. Neste contexto ampliado, aproxima cidade e museu estabelecendo procedimentos de investigação e apropriação artística e cultural do espaço urbano tendo os lugares da cidade como fragmentos de um “acervo” em constante construção e mutação.
O Projeto Museu Aberto tem origem nos finais da década de 80 e se funda no conceito ampliado da cidade como Museu, na sua condição antropológica, arquitetônica/urbanística, ecológica e cultural, provoca reflexões e interferências artísticas no espaço público, desenvolve ações em territórios cuja potência no imaginário social têm forte significação, tais como Avenida Paulista, Heliópolis, Ibirapuera/Vila Mariana.
Criou o Museu Virtual da Avenida Paulista promovendo intervenções, apropriações e reflexões sobre a visibilidade da arte pública no contexto da cidade, articulando estratégias que incorporam as mídias de comunicação urbanas  contemporâneas: www.dpto.com.br/museuvirtual. Na avenida Paulista, Lilian Amaral reuniu grupo de vinte jovens artistas numa performance coletiva na qual empacotaram seis entre as vinte obras de arte públicas implantadas ao longo do século XX, objetivando criar um estranhamento na percepção do transeunte. Concomitantemente, inseriu no painel eletrônico situado na confluência entre a Av. Brigadeiro Luiz Antonio e Av. Paulista, duzentas vezes por dia durante dois meses, imagens das obras de arte registradas em vídeo. No encapsulamento imposto pela dispersão e distração que caracterizam as formas de recepção urbanas, cidadãos eram provocados no seu cotidiano a refletirem sobre sua identidade cultural, tendo na arte pública elementos de resignificação da experiência urbana.


Lilian Amaral
Artista Visual, pesquisadora, curadora do Museu Aberto.
São Paulo, Setembro, 2004.



 
 


















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